Encontrei-te e, sem mais nem porquê, eu era outra. Continuava a querer sempre tudo agora, já, ala que se faz tarde, mas tu ias-me ensinando a fazer paciências e a aceitar o tempo, clepsidras e ampulhetas esquecidas. No entanto, não havia meio de domar este amor à velocidade da luz, que me deixava manca e ofegante antes mesmo de chegar à meta. Queria ter-te tido antes, quando ainda eramos crianças, beijos de mentol à sombra de uma árvore e ramos de flores bravas entre as mãos. Queria ter contado estrelas a teu lado, em cima do capô de um carro roubado, numa das nossas primeiras incursões lado a lado. Entre cores e rubores, ter-te amado à pressa, com urgência, em pleno canavial, medos e desejos de mãos dadas, saias e mangas arregaçadas. E a meio de uma aula, ter-te escrito juras de amor na palma da mão, sob o olhar absorto de uma professora de português à beira da reforma. Desejava que me tivesses feito um filho à primeira, obra de tanto querer ou do Espírito Santo, não interessa, e que o parisses comigo, em perfeito encaixe, o prematuro a romper-nos ás duas. Para que depois, sem pestanejar, nos presenteássemos com cama, casa e roupa lavada para o resto da vida.
A verdade é que te encontrei e, sem mais nem porquê, eu era outra. Devolveste-me a crença incondicional nesse malfadado Amor, sobre quem já ouvi dizer cobras e lagartos mas que, agora, me surge como o supremo desenlace de qualquer discórdia. Posso até assegurar-te que é o Amor que te tenho, esta força bruta e catalisadora, o maior responsável pelo equilíbrio do Universo, pelo fim das guerras milenares e pelo pulsar compassado da Humanidade, resistente a qualquer agrura, só porque existes.
4 comentários:
Parabéns teresa...
Querida, quanto tempo...como estás?
Vamos ao teste de memória, lembra de mim? haha
www.fotolog.net/thijorge
Estou me mudando pra lisboa, queria conversa contigo, me adiciona no msn: kish.kash@hotmail.com!
beijos beijos
bonito texto!
Ainda bem que o tom garrido voltou!!
;)
comento neste texto e não no último que deixaste porque estou farta desse, sem futuro nos olhos e na boca, sem querer - prefiro imaginar-te tão forte como este texto, que invejo de uma inveja pequenina.
o amor vai mas volta, nesse rosto ou no próximo 'último grande amor', já sabes, já sei que sabes, lá no fundo... para a frente, marchar, marchar, sem pena das nossas dores - vamos lá, dona teresa, sem comiserações, em esforço, em pontas dos pés, sobre os braços de amigos, em lágrimas, with a fake smile, de pé.
e não deixes de escrever, para eu não esquecer como gosto de te ler, sem ver, neste nosso bailado de quem vive na mesma cidade e não se cruza nunca.
(se o vazio no peito fizer faltar a inspiração, escreve uma carta para mim, desconhecida, ou sobre o inverno que o teu luto frio fez durar sobre a cidade... )
beijo gui
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