terça-feira, 30 de junho de 2009

AdVerso.



Antes não tivesse sido doce.



Não tinhas decifrado o enigma


Os medos, as falhas e o travo doce que pode ter um limão


Os teus olhos arregalados e as tuas bochechas ruborizadas não falavam de mim á tua mãe



E as circunferências invisiveis que os meus olhos traçam quando minto, não as tinhas conhecido.



Nunca tinhas arqueado os braços desajeitadamente durante as nossas aulas de ballet


Nem permitido que eu te beijasse a fronte, antevendo a maresia dos teus olhos.


Jamais terias prendido os teus braços á volta da minha cintura, como tentáculos, quando é da cama que me recebes


Ou enterrado em mim um punhado de pérolas num quarto da capital, de olhos selados pela saliva.




Se assim fosse


Nunca tinha beijado o mapa astral que trazes na pele


Nem escolhido estas palavras a pensar em ti


As que te farão sorrir e, se não for pedir muito, as que te farão chorar.


Certamente que nunca tinha conhecido as pregas dos teus lábios, o ângulo dos teus ombros e o teu medo de aranhas


Nem recebido de olhos vendados as tuas conchas milenares.


Quanto ás promessas e á crença,



Continuariam a fazer parte do domínio da ficção



Como este sussurro de eternidade que teimamos em querer ouvir.




Chama-me o que quiseres


Mas se não tivesse sido doce


Esta ausência não pesava mil toneladas nos meus ombros


O meu lugar não estava vazio na tua cama


E nós não andávamos a arriscar o adeus para sempre.

1 comentário:

Anónimo disse...

adorei.Lindo!
bj
susana oliveira