Os medos, as falhas e o travo doce que pode ter um limão
Os teus olhos arregalados e as tuas bochechas ruborizadas não falavam de mim á tua mãe
E as circunferências invisiveis que os meus olhos traçam quando minto, não as tinhas conhecido.
Nunca tinhas arqueado os braços desajeitadamente durante as nossas aulas de ballet
Nem permitido que eu te beijasse a fronte, antevendo a maresia dos teus olhos.
Jamais terias prendido os teus braços á volta da minha cintura, como tentáculos, quando é da cama que me recebes
Ou enterrado em mim um punhado de pérolas num quarto da capital, de olhos selados pela saliva.
Se assim fosse
Nunca tinha beijado o mapa astral que trazes na pele
Nem escolhido estas palavras a pensar em ti
As que te farão sorrir e, se não for pedir muito, as que te farão chorar.
Certamente que nunca tinha conhecido as pregas dos teus lábios, o ângulo dos teus ombros e o teu medo de aranhas
Nem recebido de olhos vendados as tuas conchas milenares.
Quanto ás promessas e á crença,
Continuariam a fazer parte do domínio da ficção
Como este sussurro de eternidade que teimamos em querer ouvir.
Chama-me o que quiseres
Mas se não tivesse sido doce
Esta ausência não pesava mil toneladas nos meus ombros
O meu lugar não estava vazio na tua cama
E nós não andávamos a arriscar o adeus para sempre.