domingo, 9 de novembro de 2008

Teresa? Antes Vitória.


A (in)visibilidade das coisas. Cassettes para gravar. Durante muito tempo, não soube como se escrevem Cassettes. Ah, K7's. Notícias tão antigas em revistas conservadas. Deambular é sempre deambular. Não encerra em si nenhum propósito definido. A palavra que começa por P. O engano dos outros. A puta da subjectividade. E a palavra que começa por P outra vez. Uma mancha no sofá faz zangar qualquer mãe. Não fosse a minha mãe, mãe. A puta da vontade de independencia. E a palavra que começa por P outra vez. A voz de uma diva enterrada no rádio antigo do meu avô. Nunca gostei . Nem da voz dela. Nem do rádio antigo. A puta da irritabilidade. Come on, aknowledge yourself. Breathe on, little sister. A voz da Beth Gibbons. Esta já me agrada grandemente. Partir chávenas de café. Raios partam. Apanham-se aos bocados. A loiça é o mais fácil de partir. O meu vizinho tem um ford mustang. Mentira, nem dinheiro para comprar um casaco apresentável ele tem. Então não é o meu vizinho. Deve ser o chulo da prostituta do prédio em frente. Sim, disseram-me que lá morava uma puta. A palavra que começa por P. É o expoente máximo do desespero e miséria humanas. Treta. Há quem o faça porque gosta. Que crueldade. Ninguém se humilha e se rebaixa, porque gosta. E no entanto há quem o faça. O elevador do meu prédio não funciona. Mais vale é ficar em casa. Vi As Horas vinte vezes. A Virginia Woolf e as palavras que eram só suas, "vestígios de insanidade" diziam uns. Serviu-se delas como mais ninguém, enquanto a mão trémula escrevia sobre o papel. Ofereceu-nos pedaços de céu, de mão beijada, para se acabar sem cerimónias ou hesitações; só o peso de cada bolso a impedi-la de respirar. A puta da liberdade. A palavra que começa por P. Deviam-me ter chamado Vitória. Estaria condenada a ela. Não, preferiram pôr-me Teresa. Associações inevitáveis á Santa Teresinha. Ou a D. Teresa. Que decepcionante. Nunca durmo nada quando se instalam cá em casa. E as instalações são permanentes. A puta da paciência. E que impaciente que sou, dizem eles. Era o que me faltava sentir estes arrepios afoitos. Espirro. Só me faltava a puta de uma constipação.

2 comentários:

gui castro felga disse...

...e lá estavas tu, finalmente a cores, no 77. de taco na mão. ;)

Anónimo disse...

...o que é que há, pois num nome?!?
Aquilo a que chamamos Rosa, mesmo com outro nome cheiraria igualmente bem...;)