segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Palavras.



Olhó Robot.




Hoje acordei assim, ao som dos Saladas de Frutas, enrolada num sofá com vista para o mar. "É para o menino e para a menina, olhó... Trabalha muito e gasta pouco, olhó..." E lá fora, um bébe que chora, a música de um telemóvel; o choradinho do trânsito; uma gargalhada colorida de criança, uma sirene, o nervosismo da gaivota. E as palavras.
Enquanto o resto fervilha, elas estão em banho-maria, entre as entranhas e a boca, á espera da conclusão do processo de selecção para sair. Confio cegamente nelas,na força que levam quando pronunciadas, de forma eloquente e em voz alta, para que se ouça o que têm para dizer. E no entanto, errei.E fi-lo tremendamente. Servi-me das palavras amputadas,das insípidas,das sem-história e das feinhas, que só trazem consigo um ruído animal e desinteressante, e deixam no outro, uma enorme sensaçao de decepção.

Se o arrependimento matasse...

5 comentários:

gui castro felga disse...

... e descer as escadas de outra pessoa e sair à rua numa que não a nossa. A turista acidental.

O fresco do dia e o desconforto do excesso na boca. A mesma roupa.

better sorry than safe.

sunrise in aries disse...

sempre que discuto com alguém de quem realmente gosto (porque com as outras não vale a pena discutir), sinto-me sempre arrependida das coisas que digo. parecem sempre estúpidas e brutas. mas, às vezes, acabo por ver que tê-las dito pode não ter ajudado à situação, mas ajudou-me a mim, a aliviar o peito. e isso faz a diferença no futuro. enfim, não sei o que se passou no teu caso em concreto, mas *
quanto ao texto anterior, deixou-me bastante *.* raramente sou capaz de descrever a relação que tenho com algumas pessoas. fico impressionada quando leio textos assim, que quase parecem palpáveis.

*

Maria Brito disse...

Minha querida Teresa, nao me importa se o destino me condenou â eterna ilusao de continuar sonhando. Se as palavras estao gastas e os gestos tingidos de artificialidades nefastas. Nao me importa se as músicas soam a textos repetidos e as crianças continuam a chorar na rua. Nem sequer me interessa o pouco que me poderá interessar. Fico com os momentos que eternizam a pele, e o gosto do pecado pintado com água do mar e estrelas.
E tudo o resto (como tu mesma dizes) pode concentrar-se numa amizade eterna, dessas que tu e eu sabemos que nao podem perder o seu lugar na hierarquia da vida. Que por mais que o tempo se encarregue de gastar, apenas acrescenta as linhas das rugas gravadas na pele. Amizades daquelas que nos fazem voltar a sentir o cheiro da placenta e o caminho uterino da vida. E enquanto isso... seguimos errantes, sem ceder aos objectivos estipulados mas continuando sempre com os olhos postos no céu.

digoeu disse...

e cada dia te entrega a possibilidade de refrasear, de dizer de novo, de forma mais bonita!
;)

nana disse...

obrigada pela visita!!
e que amanhã o "resumo" do dia tenha uma cor mais garrida, que combine com o cenário e actores!
;)