terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Proibido.


Sua puta, dizias tu, entre dentes. De punhos cerrados sobre a mesa, reviravas os olhos em tom de desaprovação, enquanto me vias vestir. Não vais sair. Não deixo. E voltavas a morder os lábios, chamando a eles o vermelho das tuas bochechas ruborizadas, enquanto passavas a mão trémula pelo cabelo. Não pude conter um leve sorriso quando, através do espelho, te vi inclinares-te sobre a mesa e abrires a camisa, nervosa, deixando á mostra um peito onde ainda se viam marcas do meu batón. Fica. Não precisas de ir. Por favor. E eu continuava o jogo do desentendimento e da falta de vontade forjada, abotoando o vestido, pintando os lábios, penteando o cabelo, como se de uma dança ensaiada se tratasse. Agarraste-me o pescoço e mordeste-me o ombro como um animal com o cio. Fica, caralho. Gargalhei por ainda te deixar assim, desenfreada, com o sangue a fervilhar, sem qualquer esforço. Entreguei-me de olhos abertos, morta por apreciar a tua expressão de satisfação e alívio, como um cão ao qual se dá um osso.

Quem me dera que isto não fosse só obra da minha mente descompensada e das horas que passo na cama, sem dormir, a sonhar contigo.