Não sei se sabes. Na verdade, acho que nunca fiz questão que o percebesses. Soavam melhor as palavras de indiferença ou de provocação, a deixar transparecer, de leve, esta preocupação e carinho dilacerantes que me rasgam o peito.Só de leve, não fosses tu acreditar que me roubaste para ti e que a possibilidade de fuga já não existe.Agradava-me mais a ideia de me manter á tona, evitando mergulhar de cabeça neste emaranhado de emoções e sensações indizíveis, sem me aperceber que a superfície já estava demasiado longe para que pudesse alcancá-la.Sem confidenciar que te imagino de noite, na minha cama, tão real como a dor de saber que não estás, para que pudesse ouvir-te respirar. Sim. Ouvir-te bastava. Sem te contar que cada olhar teu na minha direcção, traz a mim o mundo inteiro. E que cada milímetro de epiderme, cada fibra capilar, cada ruga tatuada pelo tempo, representam perigosamente a eminência do fim, mesmo que a vida te prometa a perpétua felicidade de quem tem tudo pela frente.
Não sei se sabes.
Na verdade,acho que nunca fiz questão que o percebesses.
Mas é sempre em ti que penso.